Lá vem o velhinho poeta
Cantarolando demasiadamente a sua arte
Em passos lentos segue a sua zeta
Na direção do restaurante da cidade
Com seu carrinho de mão , repleto de papelão
Ameniza o peso, com os sonhos que não cabem em si
Nas calçadas do trajeto é cumprimentado pela população
Versificando o seu canto por toda Itaboraí
Cantando assim :
" Eu queri mas eu vamos
Eu queri mas eu bora
O Coqueiro da Bahia
Tá gravado na memória . "
Nessas andanças em Pedra Bonita
Ele lembra com nostalgia da sua Paraíba
Ao ver os sorrisos na praça da atual mocidade
O poeta suspira : Campina Grande , que saudade .
Lá vem o velhinho poeta
Com a sua memória colossal
Lembrando dos fatos da sua vida
Numa amplitude magistral
Recorda-se com emoção de um Coqueiro
Pelo qual o nome da sua amada em coração registrou
A sua amada era Baiana
Mas um dia para a Bahia ela foi e nunca mais voltou
Já o Coqueiro ali ficou , sofrendo de amor .
Mas o que era versos tristes
Para a alegria ele modificou
Quando em Itaboraí a sua jornada recomeçou .
Lá vem o velhinho poeta
Decorando números , decorando bairros
Contando contos misteriosos do século passado
Envolvendo os matagais Itaboraiense
Ao seu modo, todo assunto é engraçado
Já sendo popular por todo leste fluminense
Numa certa vez , enquanto trabalhava
Pisou em falso e caiu do telhado
A sua cabeça ficou quebrada
E para o hospital às pressas foi levado.
Lá todos deram o poeta como falecido
Quando num profundo coma ele entrou
Mas o Velhinho não havia traçado o seu destino
E nesse intervalo de tempo Deus o encontrou .
Em meio a Catingueira do amor
Nosso Senhor falou : - Meu bom nordestino ,
Eu já transformei água em vinho e tudo mais.
Vós transformais diariamente cactos em flor
Proliferando a minha mensagem de paz
Mas vós não percebeis a grandeza do que faz .
A arrogância em humildade e esperança
Agora sabes da sua importância .
Eu criei o céu e a Terra para ver-te fazendo da vida bela.
Avante ! Regresse e continue a minha mensagem
E nada de trabalhar na laje .
Volte à Terra !
E assim , ouvindo ao Senhor
Para uma nova vida regressou .
Antes , no entanto , até acordar demorou dois anos
Porque pegou informação errada com um Marciano .
Lá vem o velhinho poeta
Vagando o seu nobre caminho
Da vida tem a mente aberta
E o eterno coração de menino .
Hoje ele almoça no Restaurante Cidadão
Canta e conta as suas histórias
Principalmente a desse refrão :
" Eu queri mas eu vamos
Eu queri mas eu bora
O Coqueiro da Bahia
Tá gravado na memória . "
AUTORIA : CAIO FAZOLATO (exceto o refrão rs )